Olá amigos,

A política brasileira anda agitada como sempre. Mas nesse período que fiquei sem escrever muita coisa importantíssima aconteceu.

Uma delas faz a gente pensar a utilização correta dos verbos ser e estar. Você é poderoso ou está poderoso?

A resposta dessa questão pode ser ilustrada pela vida política de Rodrigo Maia. Presidente da Câmara dos Deputados há mais de dois mandatos, pois ele estava na presidência desde que Eduardo Cunha foi retirado, ele pensava ser poderoso, mas até seu próprio partido mostrou a ele que não, ele apenas era poderoso.

Com a decisão do STF em manter as regras do jogo como elas sempre foram, ou seja, um presidente da Câmara dos Deputados ou do Senado não pode concorrer à reeleição dentro de um mesmo mandato, Rodrigo Maia foi impedido de concorrer à reeleição.

Traído pelo próprio partido, não conseguiu eleger Baleia Rossi como seu sucessor e viu o candidato do governo Arthur Lira ser eleito como presidente da Câmara dos Deputados. No Senado também foi eleito o candidato que tinha apoio do governo.

Em um país normal, nada melhor que o congresso nacional tendo seus líderes alinhados com o governo para que os projetos fossem aprovados sem nenhum problema. Mas o Brasil está longe de ser um país normal ainda mais com o atual ocupante da cadeira de presidente da república.

No dia 04/02/2021, três dias após a vitória do governo na eleição das presidências dos congressos, os senadores colheram as assinaturas para abertura de uma CPI para investigar as atitudes do Ministério da Saúde durante a pandemia de Coronavírus. Mas por enquanto o presidente do senado tem sido grato ao presidente e ainda não abriu a CPI. Mas com a morte do senador Major Olímpio na semana passada, a pressão em cima do presidente para que dê início a CPI aumentou consideravelmente.

Mas foram as trapalhadas do ex-ministro da saúde Eduardo Pazuello que fizeram a relação entre executivo e legislativo azedar antes mesmo de começar.

A pressão para a troca do ministro da saúde vinda do parlamento e da sociedade civil foi de tal maneira que nem mesmo Bolsonaro pode segurá-lo. A indicação do centrão, que ajudou Bolsonaro nas eleições do congresso e prometeu fidelidade do seu jeito peculiar de sempre, era a Dra. Ludhimila Hajjar.

Ela chegou para a reunião com o presidente da república com um plano de governo montado. Se mostrou então como uma ótima opção para ocupar o ministério da saúde, mas seu plano era quase todo contrário as convicções do presidente e de seus apoiadores.

O resultado foi um linchamento quase físico, pois tentaram invadir o quarto do hotel que ela estava e ela mesma disse não ser a pessoa certa, pois ela não se curvaria as exigências bolsonaristas.

Assim, foi escolhido o Dr. Marcelo Queiroga – cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia indicado pelo filho do presidente Eduardo Bolsonaro.

Queiroga talvez tenha as mesmas intenções de Ludhimila, mas soube ser mais político. Assumiu o cargo em 23/03/2021 e já fez um pronunciamento pedindo que a Pátria de Chuteiras nas épocas das Copas do Mundo, seja agora a Pátria de Máscaras e que todos tomem as vacinas conforme elas forem sendo disponibilizadas.

Se disse contra um lockdown nacional, mas reconheceu que em algumas regiões talvez se faça necessária.

O vice-presidente da Câmara dos Deputados deu as boas-vindasa ele, mesmo antes da posse, dizendo que não há tempo para que ele aprenda a ser ministro. A situação do país é caótica e as ações devem ser imediatas. O que deixou claro que o centrão já não está tão grato mais ao presidente da república.

Outro destaque dessa semana foi o Comitê de Crise que Bolsonaro foi obrigado a criar. Obrigado porque os presidentes do congresso e ministros do supremo não deixaram muita saída para ele e ele então convocou uma reunião no Palácio do Planalto com os presidentes dos outros poderes, alguns congressistas aliados, alguns ministros e governadores aliados também.

Na reunião foi decido então que após 300.000 vidas perdidas estava na hora de criar um comitê de crise. Esse comitê terá reuniões todas as segundas-feiras e a interlocução entre o comitê e governadores será feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Mas a oportunidade de mudança foi deixada mais uma vez para um outro momento e Bolsonaro continuou a defender o uso do tratamento precoce e o fim de qualquer isolamento no país.

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, ao contrário do que Rodrigo Maia fez durante seu mandato como presidente, mandou um recadinho direto da cadeira da presidência da Câmara dos Deputados lendo um texto pensado, escrito e provavelmente revisado. Sem improvisos ou pego de surpresa em uma entrevista em qualquer outra parte do congresso:

“Eu estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar. Não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo, com o compromisso de não errar com o país, se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que não são muito menores do que os acertos cometidos, continuarem a ser praticados. E eu, aqui, não estou fulanizando. Vou repetir: eu não estou fulanizando. Dirijo-me a todos os que conduzem os órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia: o executivo federal, os executivos estaduais, os milhares de executivos municipais também. Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, fruto da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política”.

Como todos sabem, o centrão apoia, mas cobra seu preço. Sim, para quem ainda não entendeu, ele ameaçou Jair Bolsonaro com impeachment.

Depois dessa fala de Arthur Lira, em uma visita ao Palácio do Planalto nessa mesma semana, Bolsonaro fez questão de levá-lo até o carro, coisa nunca feita antes com qualquer outra autoridade.

Isso mostra que quando se tem um congresso atuante, o que não foi o caso nos mandatos de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, o executivo age de formas mais coerentes.

Mas não é só o ministério da saúde que tem prejudicado o Brasil nessa época de pandemia. O ministério das relações exteriores, ainda, comandado por Ernesto Araújo tem trazido grandes problemas.

Por razões ideológicas o ministro falou idiotices de países como China, Índia e até dos EUA, caso Joe Biden fosse eleito.

O resultado é uma dificuldade em negociar vacinas e insumos farmacêuticos com várias nações ao redor do mundo.

Assim, o centrão, tem feito uma pressão imensa para a troca do ministro.

Na reunião do dia 24/03/2021 que foi montado o comitê de crise, Ernesto Araújo ouviu críticas sérias do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Após 15 minutos da então reunião, disse haver uma outra reunião e que não poderia continuar ali. Se tivesse ficado teria ouvido muito mais críticas.

Bolsonaro tem saído em sua defesa. Inclusive saiu antes do término da reunião da cúpula do Mercosul que comemorou 30 anos, para ir conversar pessoalmente com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e defender Ernesto Araújo. Mas ao que tudo indica, Araújo deve ter nas próximas semanas o mesmo destino de Eduardo Pazuello.

O problema para Bolsonaro fazer a troca desses ministros é achar cargos com imunidade parlamentar para eles ou mandá-los para fora do país, como fez com Abraham Weintraub, ex-ministro da educação.

Porque são tantas as barbaridades e irregularidades que eles cometem que a justiça fica como abutres esperando os leões abandonarem suas caças para que eles se sirvam.

(Sem a intenção de denegrir qualquer integrante da justiça. Apenas utilizando exemplos da natureza para exemplificar as situações dos ex-ministros).

Conforme tem sido, as próximas semanas devem continuar fervendo em Brasília e nós continuaremos refletindo sobre os fatos.

Assim amigos, se cuidem, sendo possível, façam distanciamento social e continuemos lutando por dias melhores para sempre.

Abraços, Sam.

Referências:

BandNews FM

Estadão

Blog do Reinaldo Azevedo

Globo News

Imagem

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.