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Se na primeira semana do ano de 2023 o Brasil viveu uma lua de mel com a democracia, no primeiro dia da segunda semana fomos obrigados a assistir atos terroristas no coração dos poderes da república.

Convocados para um ato insano, milhares de bolsonaristas marcharam até a capital do país, invadiram e destruíram o interior dos prédios do Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

Foram horas de horror praticados por selvagens diante de uma polícia conivente e cumplice.

As reações só começaram quando o presidente Lula declarou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal através de um decreto.

Mas como é sabido por todos, um prédio de muitos andares não aparece em um dia dentro de um terreno vazio, será ainda mais demorado se for em um terreno ocupado.

Quando um deputado do baixo clero como era chamado por seus pares usa os microfones em uma sessão especial como a do dia 17 de abril de 2016 para homenagear um torturador e assassino como foi o general Ustra e não sofre nenhuma punição, ali se iniciou a construção do que aconteceu no dia 08 de janeiro de 2023 em Brasília.

Mas se vamos usar a construção civil como exemplo, ninguém inicia a construção sem antes comprar e limpar o terreno. É verdade, a compra e a limpeza do terreno aconteceu um pouco antes, quando um pequeno grupo de procuradores e juiz federal em Curitiba resolveram que a vontade deles tinha que sobressair independente da verdade e da legalidade de seus serviços e acusaram e condenaram sem provas um ex-presidente da república.

A partir dos atos teatrais da Lava Jato a sociedade brasileira cansada de tanta corrupção acreditou no que via todos os dias em todas as mídias do país. A esquerda, mas principalmente o PT foram demonizados. Lula foi preso e Dilma impichada, estava comprado e limpo o terreno para quem quisesse usar.

E falo isso assumindo que eu também fui enganado pela Lava Jato. Fiquei revoltado várias vezes com os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello quando os mesmos contrariavam Edson Fachin e Carmén Lúcia a favor de Lula na segunda turma do STF.

Como em qualquer lugar do mundo, um terreno vazio e limpo não fica desocupado por muito tempo. Astuto como uma serpente Bolsonaro viu a possibilidade de saciar sua sede de poder e com um discurso que em nada condiz com sua vida pessoal e política, passa a falar o que a população quer ouvir.

O discurso conservador na moral e nos costumes e de ser um homem integro acima de qualquer suspeita era música para os ouvidos de um povo que se sentia traído pelo homem do povo que agora estava preso.

Por mais que vozes contrárias gritassem dizendo que era um lobo vestido de ovelha, ele foi conduzido a presidência da república sem muitos questionamentos. Os brasileiros assinaram o papel em branco e entregaram ao forasteiro, pois ele era tão conhecido do povo quanto um forasteiro.

Mas o projeto de poder de Bolsonaro era assumir a presidência da república e não de governar. Assim mesmo assumindo o cargo ele jamais deixou de fazer campanha e preparar seus eleitores para o segundo mandato.

À medida que o tempo foi passando e ele viu que seu projeto de poder estava ameaçado, ele começou a subir o tom e construir com mais afinco o prédio que para a surpresa de ninguém apareceu no domingo passado em Brasília.

Por tudo o que ele já tinha feito mesmo antes das eleições, atos terroristas eram esperados inclusive no dia da votação. Conversei com várias pessoas que pensaram em roupas com cores neutras para o dia da votação para evitarem sofrer violência por parte dos militantes do presidente.

Após o resultado das urnas o silêncio oficial dele dizia muita coisa. Seus apoiadores já sabiam o que fazer. Foram para a porta de diversos quarteis do exército pedindo uma intervenção militar.

Ora qualquer cidadão que pare seu carro em uma área militar é convidado a se retirar e se não sair imediatamente é preso. Como grupos grandes de pessoas acampam em frente a diversos quartéis do exército em todos os estados brasileiros e nada acontece?

Apesar de não realizar a intervenção militar que os manifestantes pediam, o exército participou desses atos terroristas com a sua conivência. Se calar também é manifestar sua posição.

Quando no dia 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação do presidente eleito Luis Inácio Lula da Silva, bolsonaristas incendiaram caçambas e lixeiras e tentaram jogar um ônibus de um viaduto em Brasília e mais uma vez ficaram impunes eles também se sentiram incentivados a continuar.

No dia 23 de dezembro de 2022 bolsonaristas colocaram bombas em um caminhão que transportava querosene de aviação que entraria no aeroporto de Brasília para causar um ato terrorista que poderia por fim a muitas vidas na véspera do natal.

Mesmo assim o exército não se mexeu tirando-os da frente do QG em Brasília e dos quartéis por todo o país. As investigações mostraram que os autores dessa tentativa de atentado tinham saído do acampamento, mas nada foi feito e os manifestantes então viram que poderiam esticar a corda ainda mais.

A surpresa na verdade foi no dia 1º de janeiro não ter acontecido nenhum incidente. Parecia que chegava ao fim o período mais escuro e insano desde a redemocratização e promulgação da Constituição Federal de 1988.

Ficamos todos encantados em ver tantos atos democráticos por toda a semana que esquecemos que os malucos continuavam acampados na frente dos quartéis.

Mas apesar da culpa clara e incontestável do exército, há outras forças de segurança e autoridades que foram omissas e cumplices.

O governo do Distrito Federal, responsável pela segurança externa dos prédios públicos do governo federal foi totalmente conivente e irresponsável. Inclusive o secretário de segurança do DF era ex-ministro da justiça de Bolsonaro e viajou para os Estados Unidos dias antes da invasão de Brasília a fim de se isentar das responsabilidades. Não deu certo, foi exonerado ainda durante a depredação dos prédios públicos e teve a prisão decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Se ainda na madrugada da segunda-feira Alexandre de Morais decretou a remoção imediata de todos os acampamentos pelo país e o encaminhamento de seus integrantes para a polícia civil a fim de serem identificados e fichados, porque não fez isso antes? Por que deixou chegar ao ponto que chegou? Os indícios dos dias 12 e 23 de dezembro não foram suficientes?

Mas o mais importante está sendo feito que é identificar quem mandou e financiou os ataques. O gado estourado que praticou os atos tem que ser punidos com os maiores rigores que a lei permitir, mas os intelectuais e financiadores desses atos também precisam sentir o rigor da justiça.

Não basta desocupar o prédio da nossa parábola, é necessário demolir, limpar o terreno e deixar que a democracia e os entes da república o ocupem.

MUNDO

Na noite do dia 10 de janeiro uma falha no banco de dados de um sistema de mensagens para a aviação paralisou os voos em todo o território americano.

O NOTAM é um sistema de mensagens que avisa os pilotos, companhias aéreas e todos os envolvidos na aviação o que está acontecendo em um determinado aeroporto ou local durante a rota.

Por exemplo, se um aeroporto tem mais de uma pista e uma delas vai passar por manutenção, é emitido um notam avisando que aquela pista está fechada e que pousos e decolagens precisam ser feitos pelas outras pistas daquele aeroporto.

Outro exemplo é se o aeroporto fechar por mal tempo ou alguma coisa que interditou as pistas. Assim os aviões que estão a caminho daquele aeroporto buscam as alternativas.

O que aconteceu é que o NOTAM começou a emitir mensagens com erros na noite do dia 10 e até reiniciarem o sistema e verificar que o erro já tinha sido corrigido já eram 09:00hs no horário da costa leste americana, 11:00hs pelo horário de Brasília do dia 11.

Mais de 50% dos voos programados para a noite, madruga e manhã dos dias 10 e 11 foram afetados. A normalização só foi completada na quinta-feira dia 12 de janeiro.

O FAA que é o órgão equivalente a ANAC aqui no Brasil, emitiu uma nota dizendo que a possibilidade de um ataque cibernético é mínima, mas as investigações continuam para saber o que casou essa falha e como tudo na aviação, o que é preciso fazer para que isso não aconteça mais.

ECONOMIA

O dólar não sofreu impacto com acontecimento do dia 08 em Brasília. Passou a semana estável e fechou em baixa a R$ 5,0956. O menor preço esse ano.

Outra queda foi no preço da gasolina, na semana passada estava a R$ 5,99, essa semana eu abasteci a R$ 5,74.

É hora de restaurar nossos palácios, nossa democracia e lutar por dias melhores, pra sempre.

Abraços, Sam.

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